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Família empresária höft, aqui o espeto é de ferro

Família empresária höft, criadora da primeira consultoria especializada em transição de gerações do mundo, aplica em sua própria realidade os princípios que prega.

Ao completar 45 anos, a höft consolida sua atuação, ao mesmo tempo em que con-

vive com alguns dos desafios que ajuda a solucionar em outras famílias empresárias. Com um planejamento bem traçado, e também se adaptando às mudanças das circunstâncias, a principal consultoria em famílias empresárias do país conclui sua primeira transição geracional e encara o futuro com otimismo.


“Em 2005 fizemos um planejamento para os dez anos seguintes, e o plano contemplava a transição de gerações. Foi um passo muito importante. Somos consultores, e mesmo assim buscamos orientação externa”, lembra Wagner Luiz Teixeira, sócio da höft. Quem orquestrou o processo, entrando em aspectos visíveis e invisíveis, e assessorou os sócios, foi a CTI, conduzida por Victor Pinedo e Francisco Loschiavo.


A visão estratégica, para os 10 anos seguintes contemplava, além da transição gradual de funções e das participações societárias, ações importantes para consolidar um pensamento nacional sobre o tema, como o Prêmio Família Empresária e a revista Gerações, que nasceram em 2010.


O desenho da sucessão

Do planejamento nasceram diferentes frentes de trabalho, além do desafio de implantar como hábito um processo decisório coletivo, a formalização das decisões e uma hierarquia bem clara de papeis e responsabilidades.


Pensar na sucessão do fundador, Renato Bernhoeft, não implicou apenas em desenhar a sucessão das cotas, mas também em consolidar a separação entre família e sociedade. “Esse é um valor que sempre vivi com minha esposa, já que sempre trabalhamos em negócios diferentes, e que nossos cinco filhos conheciam”, conta Renato.


Com a presença de Renata, sua quarta filha, desde 1995 atuando como consultora; Wagner, um executivo não familiar vindo do mercado; e Édio Passos, consultor que atuava com Renato já há bastante tempo, estava claro que a continuidade seria uma composição de sócios familiares e não familiares. O destino, porém, nunca é tão previsível como nos planos: a sociedade se torna ainda mais familiar quando Renata e Wagner se casam em 2005.


Nesse mesmo ano a höft foi reconhecida, por uma pesquisa acadêmica global, como a primeira consultoria focada em empresas familiares do mundo. “Chegamos nesse período a uma formatação em que a Renata, o Wagner, Édio e eu éramos os sócios e desenhamos o futuro do negócio”, lembra o fundador.


Para assumir as novas funções, Renata, Édio e Wagner passam a fazer mais palestras, escrever artigos e escrever livros em conjunto. Um grande desafio, foi consolidar o método de trabalho, registrando a abordagem já bem sucedida, em novos formatos que tivessem como base as mesmas crenças e valores. Além do papel de consultores, Wagner foi eleito pelo Conselho de Sócios, como Diretor Geral, e Renata passou a Líder de conteúdo, envolvendo pesquisa e desenvolvimento. “O mercado era ainda mais carente de referências e de conteúdo de qualidade. Nos propusemos, como um time, a imprimir nossa marca”, afirma Renata.


Uma das diretrizes foi buscar uma identidade que fosse além da personalidade do fundador. Foi então que a então Bernhoeft Consultoria ganhou um novo nome, höft, mantendo seu DNA. O desenho da sucessão passava também pela mudança de papel do fundador. Passo a passo, Renato deixou as funções executivas e se tornou presidente do Conselho de Sócios. Passou a se dedicar ao tema da longevidade, essencial não somente para ele, mas para todos os fundadores. “Estamos vivendo cada vez mais e, com isso, famílias podem se ver presas na armadilha de ter um fundador ativamente na gestão limitando o crescimento das novas gerações.


Para sair desse ciclo, o fundador precisa ter um propósito que seja dissociado do negócio. Assim como a empresa precisa ter vida própria, o fundador também tem que ganhar independência”, analisa Renato.


Curvas no caminho

O plano de sucessão traçado, a ser concluído em 2015, teve uma grande mudança de rumo. Édio Passos teve de se afastar por questões de saúde e faleceu em 2011.


O choque poderia ter tido grandes consequências para a empresa, caso as bases da sucessão não tivessem sido estabelecidas. “Nessa época, Renata e eu já estávamos comprando as cotas do Renato e na sequência compraríamos do Édio, como parte do plano de sucessão. Do ponto de vista societário, o que fizemos foi adquirir todas as cotas do Édio e adiar a compra do Renato”, comenta Wagner. Dessa forma, o negócio foi impactado pela perda de um dos sócios, mas a sociedade encontrou o caminho da continuidade.


Em 2020 se consolidou o planejamento da sucessão e continuidade iniciado em 2005, considerando que Renato permanecerá no Conselho de Sócios, e como usufrutuário vitalício. “Foi uma mudança tranquila, pois o Renato estava preparado, todos sabíamos que precisava ser feito e as regras estavam definidas”, diz Renata.


Atendendo aproximadamente 25 famílias empresárias por ano, cada projeto envolve pelo menos um dos sócios, e todos são debatidos metodologicamente, mês a mês. Um diferencial da höft está justamente em atuar onde os sistemas de uma empresa familiar se sobrepõem, organizando as distintas frentes de trabalho e instâncias adequadas para os assuntos de família, patrimônio e empresa. Com a consciência de que cada caso é único, o objetivo é cultivar o espírito e as práticas que desenvolverão uma verdadeira família empresária. Para isso, também desenvolve parcerias com consultorias associadas para atuação em pontos específicos, dentro de uma metodologia multidisciplinar. São relações de longo prazo, cultivadas com alinhamento de valores, muito diálogo e confiança mútua.


Algumas das inovações baseadas nesse conhecimento compartilhado, envolvem o projeto resgate da história, feito sob medida para cada família; o programa infantil, com base nos valores da família empresária; e o desenvolvimento da governança corporativa e sucessão executiva.


Hoje a höft conta novamente com quatro sócios. Além de Renata, Wagner e Renato, Juliana Fuchs Zanfolin juntou-se ao grupo, em 2007. Com atuação na área administrativa desde 2002, passou logo a liderar a gestão de projetos de consultoria e educação.


Para Wagner, a própria trajetória mostra aquilo que a höft insiste em sempre recordar para todas as famílias empresárias, quase como um mantra: a importância de ter um bom planejamento. “Ao planejar, você pode ter alternativas de correção de rumo. Quando não se planeja, é muito mais difícil discutir alternativas, especialmente no calor de um momento importante, como o falecimento de um sócio.


Quando se pensa na perenidade da sociedade e da gestão, é essencial estar à frente dos acontecimentos”, conclui.


matéria publicada na revista Gerações 2020


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