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Jacto - a importância das iniciativas em matéria de continuidade


Cem por cento brasileiro, forte e atuante do que nunca. Desde que foi fundado, em 1948, no município paulista de Pompeia, o Grupo Jacto continua sob o controle da mesma família e no mesmo ramo de atividade. Indústria produtora de máquinas agrícolas com mais de dois mil funcionários, hoje é considerada a maior fabricante global de pulverizadores, exportando para mais de 110 países nos cinco continentes.


Em meio à convivência de duas gerações adultas de sócios familiares, a consistência e a transparência de seu planejamento sucessório – fundamentais para a longevidade da companhia – foram decisivas para que fosse escolhida a Família Empresária 2010, prêmio inédito concedido pela höft – bernhoeft & teixeira.


Entregue durante cerimônia realizada em São Paulo, no dia 31 de agosto, o prêmio destaca as sociedades empresariais brasileiras que planejam e implementam ações efetivas e contínuas em seus processos de transição de gerações. E, para tanto, integram de forma harmônica aspectos individuais, familiares, patrimoniais e empresariais. A premiação visa reconhecer as famílias empresárias adeptas de estruturas e mecanismos de governança, em geral invisíveis aos olhos do mercado, mas imprescindíveis no âmbito da gestão da companhia. “O projeto é antigo, mas seu verdadeiro embrião surgiu da homenagem informal que fizemos no nosso Encontro de Famílias no ano passado”, explica Wagner Teixeira, sócio e diretor-geral da consultoria. “Estruturado e com critérios de seleção bem definidos, o prêmio foi criado para prestigiar as organizações capazes de inspirar as futuras gerações e contribuir para o desenvolvimento de nosso país.”


A Jacto, segundo o especialista, faz isso com excelência e de forma sistemática. E não é de hoje. Não por acaso, foi a grande vencedora de 2010. A Weg, de Jaraguá do Sul (SC), ficou com o segundo lugar, por uma margem de apenas 0,47 pontos. Já a terceira posição foi ocupada pelo Grupo Simões, que atua nos setores de alimento, bebidas e automóveis no Norte do país.


O Grupo Jacto revela sua fórmula de sucesso: calcar seu negócio em valores sólidos, priorizar a dedicação ao trabalho e cultivar a boa convivência familiar.


Assim como acontece em muitas famílias empresárias, o processo sucessório do Grupo Jacto sofreu alguns reveses. Dos sete herdeiros do Sr. Shunji Nishimura – jovem imigrante japonês que fundou a empresa, em 1948, dois, em momentos diferentes, ocuparam a cadeira da presidência depois que o patriarca resolveu deixar o cargo, no início dos anos 1980. “Durante esse período, houve ocasiões de conflito entre os irmãos, principalmente na forma de gerir a companhia”, diz Jorge Nishimura, filho mais novo do fundador e atual presidente do Conselho de Administração da empresa.


A fim de aplacar a crise, o fundador decidiu trazer, diretamente do Japão, um amigo e empresário para assessorá-los. O resultado do intenso trabalho de “mentoring oriental”: em um gesto simbólico, os irmãos prometeram jamais se separar. Logo em seguida,

o grupo indicou o terceiro herdeiro, Shiro, para assumir o comando da organização, na qual permaneceu por sete anos.


Os problemas relacionados à transição da primeira para a segunda geração, no entanto, fizeram soar o alarme. A partir de então, a família tratou de estruturar um modelo societário capaz de separar e administrar os interesses da família, da propriedade e da empresa.


E, mais do que isso, contemplar a perspectiva dos sócios na gestão e fora dela, controlar a pulverização da sociedade e preparar os integrantes da terceira geração para o papel de sócios.


A primeira providência foi criar o Acordo Societário, um importante mecanismo instituído em nome da proteção e a eficácia societária. O documento, concluído em 1996, define as diretrizes de representação, eleição e afastamento do sócio gestor, a relação dos acionistas com os gestores e dos acionistas familiares com a empresa, as normas relacionadas à distribuição de dividendos etc. “No momento, estamos iniciando um processo de desenvolvimento de uma nova versão do acordo, com envolvimento da segunda e da terceira gerações, com a intermediação de uma consultoria externa”, explica Jorge.


No que se refere ao sistema de governança, além do Conselho de Administração – hoje composto pelos cinco irmãos da segunda geração, além de representantes da terceira e dois membros independentes –, a empresa passou a contar com outros tantos fóruns de diálogo. Entre eles, o Conselho da Holding (composto por acionistas da segunda geração e suplentes da terceira) e o Conselho da Terceira Geração. Sem falar no Escritório de Família (ou Family Office) que, considerada uma estrutura relativamente nova para a maioria das famílias empresárias no Brasil, em breve ajudará na gestão do patrimônio dos Nishimuras.


O próximo passou foi a definição dos princípios, os valores e visão da família empresária, em consonância com os da organização. “No que se refere à gestão administrativa, outra iniciativa da empresa foi investir pesado em treinamento e desenvolvimento de lideranças, o que incluiu cursos de MBA para cerca de 200 gestores, familiares e não familiares”, lembra Jorge.


Com um sistema organizado e bem estruturado de governança, mais aberto ao diálogo entre os sócios e à tomada de decisões coletivas e integradoras, o terreno estava preparado para a sucessão. Na ocasião, a escolha do novo presidente da Jacto recaiu sobre um executivo não familiar.


Aos 60 anos de idade, Shiro passou o timão da companhia a Martin Mundstock.


Família em primeiro plano

Além disso, desde 2003 o Grupo Jacto vem investindo na educação das futuras gerações. As ações preveem assessments, coaching, aconselhamento de carreira e programas de educação contínua. Seu objetivo: identificar e preparar os integrantes da terceira geração para atuarem como sócios, conselheiros ou gestores, algo de grande valia para o processo de sucessão.


Segundo o presidente do Conselho de Administração da companhia, aprender sobre a importância de discutir em grupo e tomar decisões por consenso resultou em mais amadurecimento, união e harmonia entre a família. “Nosso enfoque hoje é mais de irmão do que de sócio”, explica o presidente do Conselho de Administração. “Para nós, o relacionamento e a boa convivência entre a família costumam ter mais força do que as regras estabelecidas da sociedade.”


Saiba mais sobro o Grupo Jacto

A Jacto nasceu há 62 anos no município de Pompeia, interior de São Paulo. Sua criação foi obra de um imigrante japonês, Shunji Nishimura, que em 1948 patenteou o primeiro modelo de polvilhadeira desenvolvida no Brasil e nunca mais parou. A empresa tem sua origem na década de 30, em uma pequena oficina mecânica. Com apenas três funcionários e muita disposição, começava ali a serem produzidas as polvilhadeiras, com novidades no mecanismo com duplo movimento de bombear o pó e na maneira como o aparelho manual era fixado às costas do operador.


No primeiro ano, foram fabricados cerca de 30 equipamentos por mês. A oficina transformara-se em fábrica e, assim, surgia a Indústria de Máquinas Agrícolas Jacto Ltda. As polvilhadeiras evoluíram para modelos costais mais leves e surgiram os primeiros modelos montados no trator, destinados às grandes culturas de algodão e café.


Em 1956, a empresa adquiriu sua denominação atual, Máquinas Agrícolas Jacto, e, no ano seguinte, tornou-se uma sociedade anônima. Em 1966, época em que os reservatórios manuais eram feitos essencialmente de ferro (um material corrosivo e sujeito a ferrugem), a empresa inovou ao usar o plástico como matéria-prima.


O sucesso foi tanto que deu início a uma nova divisão de negócios, a atual Unipac. A evolução dos modelos foi acompanhando passo a passo as mudanças nas características dos inseticidas e defensivos agrícolas e as transformações da agricultura nacional.


Para responder às novas exigências dos agricultores, a Jacto investiu em novos modelos de pulverizadores de barra destinados a grandes culturas. E foi nesse período que a empresa se lançou numa empreitada inédita: o desenvolvimento de uma colhedora de café. Foram seis anos de estudos de protótipos até que se alcançasse o modelo final, denominado K3. O empreendimento representou para a empresa – e para o país – um grande salto tecnológico.


Com a experiência da K3, comprovou-se na prática a importância da pesquisa para o aperfeiçoamento e a criação de novos produtos. Desde então, consolidou-se um novo aspecto da cultura Jacto: o trabalho permanente de pesquisa e desenvolvimento tecnológico aplicados à produção, apoiado em uma relação de grande proximidade e respeito ao agricultor.


matéria publicada na Revista Gerações em 2010

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